Património Religioso

Capela de Nossa Senhora da Encarnação

Em tempos mais remotos, e antes de ser a Capela de Nossa Senhora da Encarnação terá sido uma pequena ermida dedicada a Nossa Senhora da Aparecida, com uma imagem de madeira que terá aparecido numa toca de oliveira e que veio a desaparecer há alguns anos mais tarde. Posteriormente, a Capela beneficiou de duas ampliações e restauros, que fizeram desaparecer as marcas originais, inclusive a própria talha.

Não possui torre sineira, mas um arco em granito do lado esquerdo onde se encontra o sino. A capela é dedicada a Nossa Senhora da Encarnação, com a imagem que se venera no trono do altar-mor e cuja festa litúrgica se celebra a 25 de março. Existem dois altares laterais muito iguais, dedicados ao Senhor dos Milagres e ao Senhor da Misericórdia. A imagem do Senhor dos Milagres aparenta ser a mais antiga e é de grande devoção popular. Uma devoção que atravessa o rio e se estende por terras Além Douro.

A propósito desta imagem, conta a tradição popular, que terá sido esculpida por um artesão que vivia em terras do Alto Douro e cujo patrão não era crente. O bom homem ia esculpindo e escondendo o seu tesouro, trabalhando apenas nas noites longas de Inverno. Um dia, o patrão acabou por descobrir a imagem de Cristo Crucificado, a quem faltava apenas um braço para estar completa. Furioso, ordenou ao criado que se desfizesse da imagem. O bom homem atirou o seu tesouro à água do rio na esperança de que alguém o viesse a encontrar. Numa dessas grandes cheias do Douro, veio a imagem a encalhar no lugar a que ainda hoje se dá o nome de Santinho, por lá ter sido encontrada a referida imagem. Acontece que o homem não desistiu de terminar a sua e, passado algum tempo, acabou por fazer o braço que faltava ao seu Cristo Crucificado. Então, lançou-o também ao rio, dizendo: – Vai braço, vai ao encontro do teu Corpo Santo.

O braço veio rio abaixo e acabou por encalhar perto do local onde tinha sido encontrada a imagem. Andando uma velhinha à procura de lenha, que costumava vir na torrente das grandes cheias, apanhou o braço, juntamente com outros pedaços de madeira, não se dando conta do que realmente levava para casa. Já em casa, quando se aquecia à lareira, deu conta que havia um pedaço de madeira que não ardia como os outros. Intrigada, chamou os vizinhos que logo se aperceberam que era um braço de madeira. Levaram-no para junto da imagem antes encontrada e confirmaram que se encaixava perfeitamente.

Capela de Nossa Senhora da Encarnação - Lateral - Paróquia de Penajóia

Irmandade de Nossa Senhora da Encarnação - Paróquia de Penajóia

Capela de Nossa Senhora da Encarnação - Nicho - Paróquia de Penajóia

Capela de Nossa Senhora da Encarnação - Painéis - Paróquia de Penajóia

Capela de Nossa Senhora da Encarnação - São Geão - Paróquia de Penajóia

Esta história acabou por se espalhar ao longe e ao largo, dando origem à grande devoção do Senhor dos Milagres, como o atestam os ex-votos existentes.

No corpo da Capela existem ainda, em pequenos nichos, as imagens de Nossa Senhora de Fátima, Sagrado Coração de Jesus, Mártir de S. Sebastião e Santa Teresinha. Junto do Senhor da Misericórdia estão o Menino Jesus e S. José. No altar-mor estão também S. Miguel e Santo António.

Na sacristia da Capela de Nossa Senhora da Encarnação, para além da imagem de S. Caetano, merecem referência três retábulos pequenos em madeira policromada, representando S. Paio, S. Brás e Santo Ouvido, e os ex-votos pintados de milagres concedido pelo Senhor dos Milagres, Senhora da Encarnação e Senhora da Aparecida. Existe ainda uma fonte com pia em granito, que servia para a lavagem das mãos e que se destaca pela sua beleza.