1 – Maio. O mês de maio, na cultura e espiritualidade portuguesa, é de uma profunda devoção Mariana. Nos primeiros dias de maio assistíamos a um aumento progressivo de peregrinos que, organizados, rumavam a Fátima no cumprimento de alguma promessa ou simplesmente para aproveitarem, esses dias, para se encontrarem consigo mesmas, com Deus e com os outros. A Pandemia veio alterar toda uma dinâmica que envolvia peregrinos, grupos de apoio e voluntários que, distribuídos estrategicamente, motivavam e orientavam os peregrinos no longo caminho até Fátima. As estradas permaneceram vazias, apenas com a presença de alguns peregrinos corajosos e, o próprio Santuário de Fátima, obrigou-se a limitar o espaço a sete mil pessoas. No entanto, esta contrariedade não impediu que nas diversas comunidades e famílias se organizassem para a oração do terço. O próprio Papa Francisco, deu início a uma maratona de oração convidando trinta santuários marianos do mundo a rezarem o terço por uma das intenções propostas pelo próprio Papa. O Terço foi sempre transmitido pelas redes sociais do Vaticano. A oração de Fátima, realizou-se no dia 13 de maio onde se pediu pelos reclusos.
Maria está sempre presente e a indicar-nos o caminho para Jesus. Os cristãos olham-na como uma verdadeira intercessora junto do seu Filho Jesus. Que a oração do Terço, a oração dos simples envolvida de uma grande riqueza, não fique reduzida ao mês de maio, mas se prolongue nos restantes dias do ano, individualmente ou em família.
2 – Palestina e Israel. A Terra Santa, o berço das três religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), é marcada constantemente por guerras, divergências, atentados e tensões que, quando acontecem tem influência em todo o mundo. Palestinianos e Israelitas, que vivem lado a lado, paredes meias, cruzam as mesmas ruas, partilham o mesmo espaço, veem-se, muitas vezes, obrigados a viver numa constante desconfiança e medo. O outro é visto como um inimigo, como alguém que cria dificuldade à segurança, à liberdade de circulação e liberdade religiosa. No entanto, no meio desta confusão, existem Palestinianos e Israelitas que partilham o mesmo trabalho ou as mesmas festas familiares num ambiente de Paz e de saudável harmonia religiosa. Entendem e compreendem que a terra é de todos, que temos a responsabilidade de cuidar dela, que a religião serve para nos aproximar de Deus e dos outros e que vivem a descoberta de uma espiritualidade marcada pelo perdão e misericórdia. Este é o exemplo que deveria ser acolhido, em vez daquele que motiva ao ódio e à destruição, por vezes tão amplamente divulgado pelas redes sociais.
3 – (A)normalidade. Com avanços e recuos sentimos que a sociedade, as pessoas, a economia e as celebrações religiosas voltam à normalidade. Não sei se depois de uma Pandemia, o mais importante será voltarmos à normalidade. Temo que regressemos a viver num estado como se nada tivesse passado, ao normal. A pós-pandemia não pode ser uma normalidade, deve e terá que criar em nós um espírito novo, uma conversão, que nos faça mais próximos e atentos ao outro.
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 54, n.º 618, 31 de maio de 2021