1 – Escola. No dia 17 de setembro a generalidade das nossas escolas abriram as suas portas para receber os alunos. Foram seis meses longe das carteiras da escola. A rápida implementação do ensino à distância, com esforço de alunos, pais e professores, trouxe à luz do dia muitas dificuldades e algumas dúvidas quanto à sua eficácia. Se houve alunos, pais e professores que se envolveram na implementação de dinâmicas, na oferta de alternativas para a aquisição de conhecimentos, houve outros que se ausentaram, como que desapareceram da escola. Se já existia um fosso cultural e académico, provocado pela disparidade social e parcas condições económicas, de muitas das nossas famílias, esse abismo, em algumas circunstâncias, cresceu. Ainda que muitos alunos tenham melhorado o seu aproveitamento escolar com o ensino à distância, este, em nada substitui o ensino presencial, quanto muito pode complementar. E se falarmos das designadas, no senso comum, disciplinas práticas, (Educação Física, Educação Visual, EMRC, TIC, Música…), não nos esquecendo das mais teóricas, a dificuldade de aquisição de conteúdos ou de valores é colossal. Estas exigem proximidade, contato, troca de laços e de relação, só possível num ensino presencial.
A abertura das nossas escolas e universidades são assim uma mais-valia para o desenvolvimento social, cultural, psíquico, ético e espiritual das nossas crianças e jovens. Sim, se as escolas não forem transmissoras de valores e sensíveis à vivência da espiritualidade, tornar-se-ão espaços formativos de homens e mulheres solitários e ocos.
Há riscos com a abertura das escolas? Sim, riscos que são partilhados tanto para alunos como professores e funcionários. As escolas estão a agir, respeitando as medidas propostas da DGS? Sim, com muito esforço dos que integram a comunidade educativa. Até quando manteremos o uso da máscara, o distanciamento social e a constante higienização das mãos e espaços? Tudo depende de cada um de nós. Tudo depende do compromisso assumido por cada pessoa: o meu primeiro dever é proteger os outros, protegendo-me.
2 – Catequese. Se as nossas escolas abriram os seus espaços para receber os alunos, também as nossas Paróquias podem iniciar as sessões de catequese das crianças e adolescentes. A dinâmica não pode ser em nada diferente da que estão a assumir as nossas escolas. Aliás, as sessões de catequese têm uma vantagem em relação à escola. Os grupos são mais pequenos, normalmente com os elementos da mesma turma da escola ou do mesmo autocarro, têm apenas um ou dois catequistas, os espaços são utilizados apenas por eles e de semana a semana e há um sentido mais apurado de responsabilidade comunitária. Será necessário correr risco com a abertura da catequese? Sim. Ainda que os nossos pais tenham vontade de transmitir a Fé, quase nunca têm tempo para a integrar nos deveres familiares e escolares dos seus filhos. A catequese é assim um complemento à natural responsabilidade dos pais. A catequese é um caminho, é uma descoberta da Beleza de Cristo, é uma aprendizagem a vivermos e sentirmos como comunidade, como Igreja, seus membros e Filhos de Deus. Não tenhamos medo. Sejamos cautelosos. Iniciemos a Catequese.
3 – Semeadores de Paz e de Esperança. Na Europa estamos a assistir a uma segunda ou terceira vaga da
Pandemia Covid 19. Será assim até se encontrar uma vacina que ajude a criar imunidade de grupo. Viveremos tempos inundados de medos, receios, dúvidas e fugas. Assim, faz todo o sentido que, neste próximo ano Pastoral, cada um de nós assuma o papel de ser um semeador de Paz e de Esperança junto dos mais frágeis e pobres.
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 53, n.º 611, 30 de setembro de 2020