1 – Conclave. O jornal do mês de abril sai com alguns dias de atraso. Já temos conteúdos preparados para publicar em maio e, no entanto, o de abril ainda não chegou às bancas. Abril foi, sem dúvida, um mês cheio de atividades, próprias das celebrações da Semana Santa e da Páscoa, das visitas aos doentes, às quais se somaram ainda as responsabilidades assumidas na escola. Por vezes, parece que o dia tem poucas horas para tantas tarefas a realizar, e isso acontece, não raras vezes, quando a desorganização se sobrepõe à organização, ou o ruído ocupa o lugar do silêncio e da oração. Quando, porém, somos capazes de encontrar esse tempo de silêncio e meditação, tudo se faz com mais qualidade e dedicação, mesmo que no limiar do tempo.
Em abril fomos surpreendidos, ainda que conscientes da sua frágil saúde, pela morte do Papa Francisco. Aconteceu precisamente na segunda-feira de Páscoa. Depois do enorme esforço hercúleo de, no Domingo da Ressurreição, deixar ao mundo o seu último apelo à paz, na manhã de segunda-feira, após um momento de oração, partiu ao encontro do Pai, o Deus da misericórdia de quem foi um fiel apóstolo. O mundo chorou e recordou as suas encíclicas, as suas reflexões, a sua humildade, o carinho expresso à Virgem Maria e a sua proximidade para com os mais frágeis e vulneráveis: migrantes, refugiados, crianças, vítimas de violência e jovens. A Igreja transformou-se com a presença do Papa Francisco, aproximando-se da sua identidade original: uma Igreja de comunhão e sinodalidade, chamada a evangelizar com e para todos.
Agora, os Cardeais de todo o mundo, entre os quais quatro portugueses, iniciam o Conclave, precisamente no dia em que escrevemos estas linhas. Os olhos de todos os cristãos, e mesmo de muitos não crentes, voltam-
se novamente para o centro do Cristianismo: Roma. Não enquanto símbolo de poder, mas enquanto expressão de serviço, o serviço que Roma representa no sucessor de Pedro. Desejamos que este seja um tempo de renovada Esperança para toda a Igreja. O mundo, Deus e a Igreja não voltarão aos anais do passado. Deus quer viver e atuar nos homens e mulheres do tempo de hoje, com todas as suas dificuldades, contrariedades, dúvidas e medos, mas também com as suas dádivas, descobertas, generosidade e desafios. A essência do Deus Trino não muda: Ele é Amor. E são esses traços de amor que se estendem a toda a humanidade, a cada homem e a cada mulher que habitam esta casa comum que devemos cuidar.
A Igreja e o mundo continuarão a contar com um Papa, escolhido e iluminado pelo Espírito Santo, que nos revelará um Deus misericordioso, atento aos frágeis, acolhedor dos pecadores, mas firme contra todo o mal que destrói a dignidade humana ou fere a beleza do planeta. Por isso, acreditamos que continuaremos a ter um Pastor de e com Esperança que nos chamará à misericórdia e ao perdão, mas que também inquietará aqueles que, no seu orgulho, permanecem na escuridão e contribuem para a destruição da humanidade e da criação.
2 – Guerra. Acordei de manhã com a notícia de que a Índia lançara ataques sobre a região paquistanesa da Caxemira. No mesmo momento em que o mundo volta o seu olhar para os sinais de esperança no novo sucessor de Pedro, outros marcam a história com o ódio e a destruição. Quando compreenderá a humanidade que o Amor e o Perdão são os únicos caminhos capazes de promover a Paz e o verdadeiro desenvolvimento entre os povos?
3 – Eleições. Iniciou-se a campanha para as próximas eleições legislativas. Muita “roupa suja” se lava ou se continuará a lavar. Continuamos a assistir à ausência de um verdadeiro debate político, à falta de confronto sério de ideias que tenha em consideração os reais problemas do país. Quando é que os políticos dignificarão verdadeiramente a Política?
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 58, nº 657, 7 de maio 2025