1 – Deus habita entre nós. Ao longo do Tempo de Advento fomos convidados a refletir na temática: Deus Visita-te… Sê Sínodo. Cada um de nós deixou-se visitar por este Deus, no mistério da Encarnação do seu Filho Jesus. Agora, neste Tempo da Quaresma, e uma vez que Deus está em cada um de nós, mora na nossa casa, seremos convidados a saborear a sua presença: Deus habita entre nós. Liberta-te! A nossa relação com Deus é um caminho dinâmico, e que Maria também o assumiu na sua vida, Levantou-se e partiu apressadamente. O verbo “levantar” revela a postura dos ressuscitados, daqueles que procuram, através do processo de conversão, configurar-se com Cristo, imitar Jesus nas suas vidas e ações. O advérbio “apressadamente” traduz o rosto missionário da Igreja, a disponibilidade para anunciar o Evangelho e de ir ao encontro do outro. E é com Maria, com os olhos voltados para a JMJ de 2023 que queremos fazer caminho, deixando-nos habitar por Deus e permitir que ele nos liberte de tantas amarras, indiferenças, fraquezas, invejas, críticas infundadas… Liberta-te, não é uma ordem, mas um desafio que deve ser concretizado em cada domingo numa resposta que nos ajude a descobrir a nossa tenda, a tornar mais transparente o nosso interior respondendo às questões: Quais as tuas tentações? Quais os teus medos? Quais os teus desejos? Quais os teus preconceitos? Quais as tuas preocupações? Quais os teus silêncios? Para que no dia de Páscoa corramos para Anunciar a alegria de nos termos deixado envolver da Luz da Ressurreição. Façamos todos este caminho comprometendo-nos à oração, jejum, esmola e reconciliação.
2 – Jejum e Abstinência. O Jejum tem essencialmente um sentido penitencial e de renúncia, enquanto a abstinência o objetivo é a caridade. Na antiguidade a Igreja convidava as pessoas a que nos dias de abstinência deixassem de comer alimentos caros para comer a comida dos pobres. Neste tempo o preço da carne era mais elevado do que o do peixe, razão pela qual se foi permitindo comer apenas peixe. Hoje, mais do que tudo, o sentido da abstinência passa essencialmente por reduzir os custos na comida, entregando o valor poupado aos mais necessitados, aquilo que designamos de renúncia quaresmal. Por outro lado, é conveniente que nos perguntemos, se não formos capazes de renunciar ao nosso alimento favorito, seja carne, peixe, bebida… como poderemos renunciar ao pecado? A Quaresma não nos pede apenas que nos abstenhamos de carne, mas essencialmente das ações ou vícios que nos afastam de Deus. Por isso, a Igreja hoje permite que se coma carne substituindo por outros sinais de penitência. Sabemos todos que nos nossos tempos o frango é muito mais barato que muito do peixe. O Papa Francisco insiste que o importante não é deixar de comer carne, mas pode ser substituído por deixar de fumar, deixar de estar tanto tempo ao telemóvel ou nas redes sociais, deixar de dizer palavras ofensivas ou de fazer alguma ação que provoque dano aos outros ou à comunidade. Neste sentido, não nos faltarão razões para vivermos uma Quaresma em verdadeiro espírito penitencial, renunciando ou abstendo-nos de tantas coisas que apenas nos dão prazer, entregando o respetivo valor como renuncia quaresmal.
3 – Greve dos Professores. O tempo passa e o grito dos professores continua a ouvir-se num apelo a mais justiça, remuneração correspondente, recuperação do tempo de serviço, colocação digna dos professores. Parece-me que os valores não se aproximam nada dos anunciados pelo governo. Será que é difícil perceber que só teremos uma escola mais feliz, se os seus autores estiverem felizes.
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 57, nº 637, 28 de fevereiro de 2023.