Estimados leitores e queridos conterrâneos, após um longo silêncio, eis-me aqui a partilhar convosco um cheirinho do que tem sido a minha missão nestes últimos meses no meu querido Congo e entre o povo ao qual Deus me enviou e eu muito amo.
Acompanhei e acompanho a situação atual da Europa e do mundo, a pandemia provocada pelo Covid 19. Deus bem sabe porque, aqui está a chegar muito lentamente e a percentagem de mortalidade é bastante baixa. Embora os cientistas apresentem as suas razões, a dúvida persiste e interrogamo-nos até quando conseguiremos escapar! Aqui as medidas de prevenção são ineficazes uma vez que a população tem dificuldade em acreditar que tal seja verdade e nem possui condições de vida para as seguir. Na nossa zona, não existem sistemas de conservação nem de armazenamento dos alimentos, cada dia as famílias são obrigadas a sair à rua a fim de procurar a própria subsistência. O Dr. Denis, o médico congolês que recebeu no ano passado o Prémio Nobel da paz, disse: “Se o vírus entra no Congo, será catastrófico, 80% da população não resistirá…” (…)
Desde os meus 12 anos a chama do meu ser missionária nunca se apagou, bem pelo contrário, com o passar dos anos inflamou-se ainda mais. É uma graça e um dom, que jamais deixarei de agradecer ao Senhor, que me faz feliz e me enche de paz. (…) Tomemos como exemplo o jovem Carlo Acutis, recentemente beatificado, ele soube entender em profundidade e viver o coração deste Deus.
Eu estou longe desta meta, porém procuro fazer da minha vida uma doação. Ela não me pertence, foi-me dada gratuitamente, aos meus Irmãos a ofereço. Através das fotos que envio ao Padre Zé Fernando podereis ver algumas das minhas últimas atividades. Os mais pobres, a formação dos grupos da paróquia e das diversas capelas dispersas pelo interior da floresta estão na linha da frente das minhas atividades. Os meus superiores deram-me esta missão e procuro segui-la com fidelidade.

Este mês, com alguns membros do grupo que acompanho: “Cenáculo de Oração Missionária”, reconstruímos a “casa” de duas idosas, efetuámos a visita a algumas famílias pobres, onde descobrímos o Óscar, um menino de 11 anos com um cancro no lado direito do pescoço. Falámos com seu pai, com as lágrimas nos olhos explicou que o hospital pede 1000$ para a operação e tratamento. Pediu-nos ajuda… por minha vez… conto com a ajuda dos corações de boa vontade… Prometi-lhes fazer tudo o que pudesse. Ficaram com um sorriso de esperança. (…)
O dia-a-dia do missionário nunca é igual, a riqueza das surpresas enche o nosso quotidiano. Nem todas são positivas, mas sentimos forte a presença da mão de Deus o que nos anima e nos alimenta. Rezem por esta missionária, fruto da vossa fé, que vos pertence bem como a este povo ao qual o Senhor me enviou. Agradeço a vossa última generosa oferta (600 euros), ainda está na nossa casa mãe, em Itália, e em breve chegará às minhas mãos. Deste quentinho e bom país, envio as minhas saudações e a promessa das minhas orações. Vossa sempre, Ir. Ilda Pinto.
Artigo completo disponível in Ecos de Penajóia, Ano 53, nº 612, 30 de outubro de 2020