
1 – Jubileu. O Papa Francisco deu início ao Ano Jubilar da Esperança, que decorrerá ao longo de 2025, com a abertura da Porta Santa nas quatro Basílicas principais de Roma e na prisão de Rebibbia, em Roma. Deste modo, concretizou o que havia escrito na Bula da Indicação do Jubileu: “A fim de oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo abrir uma porta santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida.”
Este é, sem dúvida, um gesto simbólico que traduz uma experiência intensa de oração e fé, para que todos os cristãos vivam a essência primitiva do Jubileu: o Perdão. A partir deste momento, o Papa Francisco e diversas vozes da Igreja têm incentivado os governantes a tomarem iniciativas que possam restituir esperança aos presos, através de medidas como a amnistia ou a redução de penas, ajudando-os a recuperar a confiança em si mesmo se a iniciar um percurso de reinserção na comunidade. É um caminho exigente, que requer reflexão das autoridades para que esse perdão produza, naqueles que o recebem, uma verdadeira conversão.
Se este Perdão Jubilar é de vital importância, não devemos desvalorizar o perdão no contexto das nossas próprias comunidades, famílias e locais de trabalho. Vivemos rodeados de conflitos e desentendimentos que, muitas vezes, se prolongam em dias, semanas ou até anos de afastamento de familiares, vizinhos ou colegas. A vivência da graça jubilar deve traduzir-se em gestos concretos de reconciliação e perdão efetivo.
Se queremos praticar o perdão no dia a dia, devemos ter a coragem de dar o primeiro passo, promovendo a paz e a esperança, acreditando que, através do nosso perdão, a conversão do outro é possível. Em suma, o Jubileu será uma oportunidade para perdoarmos e sermos perdoados.
2 – Guerra Económica. A tomada de posse do novo Presidente dos EUA tem gerado grande repercussão mediática, com um discurso que pode revelar-se perigoso: “Vamos ser grandes” ou “os donos disto tudo”. A que custo? Impedindo a livre circulação de bens e serviços? Impondo tarifas injustas e desiguais? Exigindo mais dos outros do que de si próprio? Explorando a fraqueza e a dependência económica das nações mais pobres? A economia global exige equilíbrio, justiça e cooperação entre nações. Qualquer política económica que vise a supremacia de uns em detrimento de outros pode agravar desigualdades.
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 59, nº 655, 7 de fevereiro de 2025