
1 – Suspensão. Uma vez mais a Conferência Episcopal Portuguesa teve de pedir aos cristãos que cancelassem a celebração comunitária da Eucaristia, assim como todas as atividades que impliquem a presença física de pessoas. Esta é mais uma prova de que a Fé e a Religião são para curar e salvar a humanidade. Não se salva colocando em perigo a Vida ou levando aos hospitais os mais vulneráveis ou frágeis. O que está em causa é a Vida. Sem a humanidade não é necessário Deus, não há Fé, não há Salvação. Precisamos da humanidade para nos encontrarmos e construirmos caminho até Deus. No entanto há́ vozes que consideram que este é mais um golpe duro na Fé, uma tentativa de silenciar Deus e de O tornar vivo e presente na celebração comunitária da Eucaristia. Não negamos que a Igreja nasce da Eucaristia e que a Eucaristia faz a Igreja, nem deixamos de celebrar a Eucaristia pelas intenções, desejos e anseios da humanidade. Nem queremos deixar de alimentar a Fé com a oração e a caridade. Deus não se silencia apenas porque não celebramos a Eucaristia. Deus não se reduz ao silêncio. Talvez nós, padres, bispos e cristãos estejamos demasiadamente centrados na celebração da Eucaristia e pouco conscientes da necessidade de viver a Eucaristia. Este é mais um tempo favorável para tornar a nossa vida uma Eucaristia, um sacrifício de Amor aos outros. Não deixemos a nossa Fé́ em suspenso, ousemos quebrar o marasmo da nossa Vida ou das celebrações comunitárias provocando e propondo uma vida em Deus.
2 – Férias Escolares. As escolas tinham de fechar. A movimentação que elas geram não ajuda a controlar a Pandemia. O ensino à distância não é a melhor solução, mas nestas condições tem de ser equacionado. Optou-se mal, optou-se pelas férias. Quinze dias é tempo suficiente para quebrar ritmos, aprendizagens e o compromisso entre professores e alunos. Vamos voltar ao início e a perder mais tempo. Há governos que continuam a pensar que é preferível todos serem medíocres (igualdade), do que alguns serem melhores para ajudar os mais fracos.
3 – Os extremos. Na política há extremos. Já vivemos em Portugal próximos da extrema-esquerda, há agora uma aproximação à extrema-direita. Os extremos são necessários, são eles que ajudam o centro a ser mais honesto, justo e eficaz na sua ação. Ainda não estamos no caos dos extremismos, mas é tempo de refletir no nosso compromisso com a democracia e de que políticos nós queremos para ela.
José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 54, n.º 615, 29 de janeiro de 2021