1 – Medo ou Indiferença? O desconfinamento possibilitou que as celebrações religiosas comunitárias voltassem a realizar-se, mas respeitando sempre as medidas de segurança nomeadamente o distanciamento social, higienização das mãos e o uso obrigatório de máscara. As primeiras celebrações foram muito apreensivas notando-se uma frequência reduzida, aliás porque os espaços de culto estão também mais limitados ao acolhimento de pessoas. Algumas pessoas idosas optaram por frequentar a celebração da missa durante a semana e, assim permitirem que os mais novos possam ir à missa ao domingo. O fato, e retirando algumas exceções, os casais mais novos, adolescentes e jovens ainda não apareceram. Será Medo ou indiferença? Acredito que possa existir algum medo, receio de puder ou de contaminar alguém num espaço fechado, mas essa não será a razão principal para a sua ausência, mas tão-somente uma indiferença em relação às coisas de Deus. Deus já não faz moça. Não é importante para muitos corações jovens. E se o é, não é assumido como compromisso sério de vida. Tanto participo hoje como estou um mês sem participar. No entanto, o medo será sempre a desculpa para não ir. Não tenham medo, venham à missa, abram o vosso coração a Deus. As nossas Igrejas são lugares seguros, muito mais que as festas e encontros que os nossos jovens realizam em alguns momentos deste desconfinamento.
2 – Festas ou irresponsabilidade? Todos os dias encontramos notícias de festas clandestinas frequentadas por jovens, tornando-se lugares de contágio da Covid 19, para si e para os seus familiares, sejam elas num parque de campismo, na garagem de um familiar ou num salão recreativo. Compreendemos que necessitamos de convívio, contacto social e de alguns momentos de lazer. Porventura estes até poderiam acontecer se tivéssemos o cuidado de usar máscara, beber apenas do nosso copo e ter um cuidado redobrado na higienização das mãos. Mas sabemos que tal é muito difícil de acontecer, basta um pequeno descuido para se transmitir o vírus. A acrescentar a esta realidade encontramos a perda do sentido cívico, mesmo contaminado, atrevo-me a frequentar estas festas e encontros.
Esta atitude é uma falta de responsabilidade, uma imaturidade, uma infantilidade. O respeito pelo outro, passa pela capacidade de saber dar a melhor resposta, tomar a melhor opção e, isto é responsabilidade. Se sei que não é seguro ou se existe dúvidas, não vou, devo ficar em casa, procurar outros meios de fazer festa e de favorecer a saúde dos que me rodeiam.
3 – Posto de Saúde. A maioria dos serviços públicos tem voltado a funcionar com a normalidade possível. Foram as escolas, câmaras, segurança social, lojas do cidadão, finanças e saúde. No entanto, os meios de comunicação social vão dando a conhecer que os Postos de Saúde locais, situados nas aldeias, ainda não funcionam, o mesmo acontece com o de Penajóia. Tenho toda a admiração pelos médicos de família, eles são fundamentais na saúde das nossas populações e não os podemos colocar em risco. Mas será que os postos de saúde das nossas aldeias não serão seguros? A nossa gente não saberá respeitar as medidas de segurança? Não será possível realizar consultas presenciais nestes locais? Temo que esta atitude, seja mais uma razão para facilitar o comodismo de ficar reservado a uma secretária confortável e sem o contacto direto com as pessoas. Não tornemos os pobres ainda mais pobres. Não façamos das periferias das nossas cidades, lugares de não existência humana e de desumanidade.
P. José Fernando, in Ecos de Penajóia, ano 53, n.º 609, 2 de junho de 2020